Prezados Trabalhadores!

O ano de 2020, sem dúvida, será conhecido no futuro como marco temporal da venda de ativos do Estado para o capital privado, com o esfacelamento das Empresas Públicas em detrimento do rendimento de seus Trabalhadores.
Tendo como agravante a Pandemia do Covid 19, os Trabalhadores Brasileiros enfrentam sérios problemas, que vão de reduções salariais a perda de postos de Trabalho, sob alegação do capital de que as Empresas estão tendo perdas irrecuperáveis.

“PLR recebe nova definição!

Para quem acha que PLR significa Participação nos Lucros e Resultados está muito enganado. Para os Trabalhadores da Eletrobras PLR em 2020 significa penalização sobre os lucros e resultados.
O ano de 2020 tem sido um ano de muita luta para os Trabalhadores e Trabalhadoras do grupo Eletrobras que, apesar da pandemia, se desdobraram e se doaram para suas respectivas Empresas do Grupo Eletrobras. Mas esse esforço não é reconhecido pela atual diretoria que vem com a proposta estapafúrdia de descontar 25% do valor das PLR, a partir de 2019, com o discurso de exigência do Governo(SEST), que determina a devolução por valores de PLR pagos “indevidamente” em anos anteriores.
Na reunião ocorrida na sexta feira passada, 18 de setembro de 2020, a Comissão Paritária – CNE e Eletrobras, sentou-se à mesa de negociação para discutir sobre as PLR de 2019 e de 2020. A expectativa dos representantes da Categoria era de receber informações concretas sobre valores e data de pagamento da PLR de 2019 e de reiniciar as negociações sobre os parâmetros que serão adotados para a aferição da PLR de 2020. Mas todas as expectativas foram abandonadas já nos primeiros momentos da reunião. A posição de intransigência dos negociadores da Eletrobras continua agora como desde o início dos trabalhos, ainda em 2019. Imposições, falta de transparência, incertezas sobre datas e valores, desconsideração dos argumentos trazidos pelos Trabalhadores, são tantas as nossas considerações sobre a postura da empresa e de seus representantes que poderíamos passar horas a relatá-las.
A reunião terminou com uma apresentação sobre a PLR 2020. Onde esperávamos discutir, de igual para igual, sobre forma, critérios, indicadores, pesos e metas, nos foi apenas exposta de forma resumida, superficial e totalmente impositiva pela empresa, uma proposta para a PLR 2020, sem dar margem alguma para negociação. Os principais pontos colocados na sua apresentação se resumiu a: tomar por base a controversa PLR 2019 (com todos os mesmos pontos questionados já pelo CNE); retroceder na forma de distribuição para a proporcionalidade de 70/30 (70% em relação às remunerações e 30% em relação a média de remunerações) ou seja, privilegiar os maiores salários, sendo que atualmente se pratica 50%/50%,condição melhor para a grande maioria dos Trabalhadores; vincular o recebimento da PLR a avaliação de desempenho do SGD (algum dia, em alguma das nossas empresas, esse sistema de avaliação funcionou como era pra ser?), ou seja, outorgar completos poderes aos gestores de dar ou não PLR aos Empregados.
O CNE afirmou que os trabalhadores não podem ser tratados dessa forma e que precisamos sim discutir os pontos apresentados pela empresa para o bem de todos, inclusive da própria empresa. E solicitamos, além de uma nova data para voltarmos a discutir o assunto, os dados de acompanhamento das metas, por empresa, dos indicadores estabelecidos no CMDE para a devida análise e discussão por parte dos empregados.
Mas o quente mesmo começou antes, com o debate sobre a PLR 2019, quando os representantes dos trabalhadores e trabalhadoras esperavam que a empresa, finalmente, depois de todos esses meses de espera, apresentasse os valores e as datas de pagamento da PLR 2019. Nada! Além disso, ainda tínhamos a esperança de que a empresa acatasse nossas contraposições sobre pontos importantes que impactaram, sobremaneira, nos indicadores das empresas Eletronorte, Furnas, CGTEE, Amazonas Energia e Eletronuclear. Não foi o que aconteceu. A empresa falou, falou, falou, mas no final, ficamos ainda sem saber quando e quanto iremos receber. Mais uma vez, com o discurso evasivo de que precisa passar por uma e outra reunião de diretoria, nada há de conclusivo. Isso sem dizer sobre a colocação, que chega a ser obscena, de descontar 25% de todos os trabalhadores e trabalhadoras das empresas do grupo, sob a alegação de ser uma determinação da SEST, de devolução de valores pagos “indevidamente” nos anos de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
Colocamos para os negociadores da empresa nossa objeção a essa aberração. Também questionamos a empresa na seguinte medida: a SEST tem agora poderes para afirmar o que prescreve ou não? A SEST (antigo DEST) não participou dos processos de aprovação e liberação de pagamento de todas as PLR anteriores? Não passou também por todos os órgãos estatais de controle como o Planejamento e a Economia? Pelo TCU, CGU, Diretorias e Conselhos? Então, por que agora a SEST vem cobrar dos trabalhadores por decisões aprovadas por todos esses órgãos em anos passados? Se quiser cobrar, cobre de quem é devido por tomar medidas de gestão equivocadas! Não dos Trabalhadores!
A única certeza que ficou clara na apresentação feita pela empresa é de que os trabalhadores das empresas Amazonas Energia, CGTEE, Eletronuclear e CEPEL (estes não são nem reconhecidos como trabalhadores do grupo pela diretoria) não receberão PLR esse ano, e os trabalhadores das demais empresas terão usurpados 25% de tudo que lhes é devido! Sendo que a Eletrobras teve a cara de pau de apresentar as quantidades de folhas que as quatro Empresas receberiam caso tivessem o direito. Atitude bastante deselegante e inoportuna por parte da Eletrobras.
Os representantes da categoria deixaram claro que não admitem tamanho descalabro, nem o desconto de 25%, visto que não reconhecemos nenhuma dívida dos trabalhadores. Fomos enfáticos, como fizemos em todas as reuniões de negociação da PLR 2019, que não aceitaríamos a imposição da empresa em vincular a PLR dos trabalhadores e trabalhadoras em sua totalidade ao lucro e à distribuição de dividendos, e a todos os demais pontos que foram formalizados em nossa notificação extrajudicial.
Para os trabalhadores e trabalhadoras fica a cada dia e a cada decisão administrativa e de gestão dessa empresa que o intuito da atual diretoria é acabar com a ELETROBRAS, seja esvaziando seu quadro, com demissões seguidas e sem reposição de pessoal, seja com o esvaziamento de seu fim maior que é o desenvolvimento energético de país com a falta de investimentos, seja na tentativa de derrubar o moral dos seus trabalhadores. Mas nós não desistiremos! Nós estamos aqui para lutar por nossos direitos e por nossas empresas. Empresas que temos orgulho de sermos empregados e as quais nos dedicamos arduamente para que elas alcancem a excelência do serviço prestado ao povo brasileiro. Não! Não será esta diretoria que está hoje, mas com certeza não estará amanhã, que derrubará o nosso moral. Vamos a luta!”

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Parati e Angra dos Reis – STIEPAR montou o texto acima pautado na reflexão da Sindicalista Mulher, lá do Ceará, uma guerreira militante do CNE.
O Sindicato não se dá por vencido, em face das manobras praticadas pela Eletrobras. Lembrando que os absurdos se tornam institucionais em uma Sociedade que faz apologia da Impunidade. Pois não conseguimos aceitar que os Trabalhadores que se dedicam integralmente aos objetivos da Empresa, sejam punidos por vaidades de gestores que, só por possuírem o poder da caneta se acham no direito de arrebentar uma Empresa.
O STIEPAR não aceita a condição de “patinho feio” da Eletronuclear no grupo Eletrobras, pois ano após ano os Trabalhadores comunicam a Empresa índices operacionais excelentes, tendo como consequência um faturamento considerável, mas infelizmente ou por incompetência não se traduzem em lucros, amargando ano após ano um acúmulo de prejuízos, que no final de 2019 superou a casa de 4 bilhões de Reais.
Durante a reunião do dia 18 próximo passado, o Sindicato colocou junto a Eletrobras e a Eletronuclear, qual seria o desempenho contábil da ETN caso não houvesse a construção de Angra III. Ambas as Empresas responderam com evasivas, alegando que estes indicadores foram e são publicados pelas Empresas nos Balanços. Verificaremos.
Finalizando, o STIEPAR sugere que se mude a sigla PLR para PLRC. Por quê?
Seria então Participação nos Lucros e Resultados Condicionados, já que para o Trabalhador receber a PLR, ele tem que além de alcançar os índices operacionais, tem também que gerar lucro e outras milongas mais! Lembrando que o percentual operacional no cálculo da PLR é o maior!

Um abraço a todos!